Após 50 anos de espera, Estação Ferroviária de Engenheiro Corrêa será restaurada
Com patrocínio master do Grupo Herculano e patrocínio da J. Mendes, a estação de Engenheiro Corrêa vai ser restaurada e se transformará num celebrado espaço de convivência e cultura. Foi assinada nesta quarta-feira (02), a ordem de serviço para dar início às obras de restauração do Terminal Ferroviário de Engenheiro Corrêa, que conta com a gestão da Holofote Cultural. A previsão é de dez meses de duração da obra com investimento de R$ 2 milhões da Herculano Mineração e R$ 820 mil da Ferro+ Mineração.
De acordo com Gilson Martins, diretor da Holofote e coordenador geral do projeto, o projeto de restauro respeita os sistemas construtivos tradicionais remanescentes e respeita suas características arquitetônicas, buscando reparar os problemas relacionados à sua devassidão física e estrutural tendo como base os princípios vigentes de restauro. “No projeto arquitetônico está prevista toda a restauração do prédio, sendo que haverá também uma parte de reconstrução, pois muitas paredes estão danificadas e não há mais a estrutura do telhado” , explica.
O projeto paisagístico abarca todo o entorno da Estação, com plantio de grama, arbustos, irrigação automática, a recuperação da fonte original, a recuperação da caixa d´água, que também faz parte do conjunto. Há ainda os projetos de iluminação; de drenagem para o terreno; está previsto o cercamento da área com balizadores e correntes, para evitar o acesso de veículos e animais; um projeto de segurança eletrônica com câmeras e alarmes; e um projeto de prevenção e combate a incêndio.
“Esse sonho, que atravessou gerações, finalmente está se tornando realidade, graças ao apoio do Grupo Herculano e do Grupo J. Mendes através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Pretende-se ter muitos resultados positivos de curto, médio e longo prazo para o entorno do Terminal Ferroviário, dentre eles, o aumento de circulação de pessoas e turistas na qual poderão existir e/ou aumentar a procura por restaurantes e residências em geral. Pode-se utilizar esses espaços para lazer, cultura, esporte, turismo, e até mesmo terapia. Além disso, ações culturais, ações socioeducativas, ações socioambientais e ações socioeconômicas serão bem-vindas para agregarem valores a um dos bens culturais mais apreciados da comunidade”, explica Gilson Martins, diretor da Holofote e coordenador geral do projeto.
A Restauração do Terminal Ferroviário de Engenheiro Corrêa conta com patrocínio master do Grupo Herculano e patrocínio do Grupo J. Mendes, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) do Governo Federal, com gestão da Holofote Cultural.
Preservação da memória coletiva

O Terminal Ferroviário de Engenheiro Corrêa é um patrimônio cultural que carrega a responsabilidade de manter viva a memória da localidade. A restauração do terminal visa a preservar tanto a estrutura física quanto a dimensão simbólica do local, promovendo a memória coletiva da região de Ouro Preto. Este espaço se tornará um ponto de encontro para a comunidade, incentivando a socialização e o contato com a história e a arte.
O projeto de restauração transforma o terminal em um espaço de democratização, que conjuga natureza, meio ambiente, cultura e patrimônio. O terminal restaurado terá áreas dedicadas a eventos, biblioteca, sala de informática e espaços administrativos. Esses ambientes proporcionarão à comunidade um lugar para cursos, eventos culturais e pesquisas, além de impulsionar o turismo e o desenvolvimento local.
Histórias que se entrelaçam com a estação
A intenção da restauração é trazer também as memórias vivas para os moradores que cultivaram histórias por ali. Durante o evento de assinatura, emocionados moradores do distrito relembraram suas conexões com o local. Murilio Roberto da Silva, compartilhou suas memórias da adolescência, quando praticava telegrafia na estação: “Aos 16 anos, já estava aprendendo telegrafia aqui, seguindo os passos do meu pai, que era ferroviário. Trabalhei por 42 anos na Rede Ferroviária e na MRS. Ver a restauração da estação é uma grande honra para todos nós. É como se um pedaço da nossa história estivesse sendo devolvido.”
Paulo César Rezende Braga, outro morador, destacou a importância da estação para o desenvolvimento do distrito: “A estação foi inaugurada quando a mineração de ouro já estava em declínio, e com a ferrovia, o povoado cresceu ao redor. Era o ponto de encontro da juventude, onde os trens que cruzavam de Ouro Preto para Belo Horizonte traziam vida à comunidade.”
Ele ainda comentou que o local era uma espécie de um centro de convivência entre os moradores, em sua maioria adolescentes, que utilizavam o espaço para se reunir aos finais de tarde. “O pessoal ficava por aqui até porque os dois trens cruzavam aqui: o que ia de Ouro Preto para Belo Horizonte e o de Belo Horizonte para Ouro Preto. Eles se encontravam por volta das 8:30 da noite, e depois disso, a festa acabava. Cada um tomava o rumo de casa”, disse.
O irmão de Paulo César, foi o responsável por confeccionar uma maquete realista de como era a estrutura da antiga estação, vislumbrando alguns aspectos que esta restauração contemplará. A maquete foi uma das grandes atrações da assinatura da ordem de serviço, com a presença de crianças, que passaram a tarde imaginando as histórias que os mais antigos vivenciaram ali.
Parcerias que fazem a diferença
O projeto de restauração foi possível graças à união de esforços entre o setor privado, o poder público e a comunidade. O secretário adjunto de Turismo, Matheus Pontelo, reforçou o papel essencial da população na concretização do projeto: “Esse espaço é de vocês. A comunidade desejou isso e pressionou para que acontecesse. Agora, cabe a todos se apropriarem desse local, que se tornará um novo ponto de encontro e lazer para o distrito.”
A J. Mendes fez questão de participar do projeto, com patrocínio e presença na elaboração do projeto. Douglas Mateus, supervisor de comunicação da empresa, celebrou a restauração não apenas como uma obra física, mas como a recuperação da memória coletiva dos moradores: “Estamos aqui reconstruindo as histórias que fizeram parte da vida de muitos. É um prazer fazer parte dessa iniciativa.”
A restauração também prevê a criação de uma área educacional, incluindo uma biblioteca e uma sala de informática para as crianças e jovens do distrito, conforme explicou o gerente de cultura da Prefeitura de Ouro Preto, Wanderson Rolla: “Será um espaço para a comunidade e, principalmente, um incentivo à educação e cultura local.”